Inscrever-me nesta disciplina, reflectir sobre as várias temáticas e participar nas diversas actividades tornou-me sem dúvida mais consciente da vastidão deste "brave new world", das suas potencialidades, dos seus riscos e das MINHAS limitações no que respeita ao seu uso. Constato a minha condição de imigrante digital, fascinada pelas componentes técnicas (a imensidão de ferramentas que podemos usar é uma maravilha: filmes, imagens, sons, músicas que podemos usar das mais diversas maneiras, textos que ficam quietos no écran ou que saltam, brilham, fogem e brincam connosco... a sedução da possibilidade de manipulação de todas estas componentes é vastíssima!) e pela facilidade com que posso aceder a tanta tanta tanta informação.
Por outro lado, verifico a minha incapacidade em usar de forma intuitiva e natural estes recursos, sentindo necessidade de aprender a fazê-lo, de perceber como se faz, num processo, por vezes moroso e irritante, de bricolage digital.
Verifico ainda a minha ingenuidade no que respeita, por exemplo, à recolha de informação: sei, ao contrário de muitos dos nossos alunos, imaturos na construção dos seus saberes e necessitados do nosso apoio a esse nível, o que quero e sei seleccionar o que vale e não vale a pena reter. Mas esqueço-me, ao contrário do que sucederia com os meios de pesquisa tradicionais, de verificar a origem das fontes que consulto! Explico melhor: as imagens que utilizei foram seleccionadas do portal Google, tal como os filmes foram extraídos do YouTube. Até aqui, "tout va bien"... Mas de onde vieram esses documentos? Quem os colocou na Net? E de onde os retirou? Não só não verifiquei estes dados como desconfio que muitos dos sites ou blogs de onde os retirei também não o sabem. A democratização do acesso à informação é tão grande que coloca em perigo questões como direitos autorais, por exemplo. Podendo pôr em risco o rigor científico de muitas pesquisas realizadas.
Apercebo-me de que urge a criação, ou explicitação, de um código de ética no uso da Internet. As questões da segurança são já analisadas, debatidas e, frequentemente, alvo de acesas controvérsias, entre os defensores da total liberdade de acesso e uso e os que advogam algum tipo de controlo, eventualmente até de censura. Falta saber usar científicamente a Internet. Falta(-me) interiorizar procedimentos "legais" que não levem a usurpar informação, ainda que involuntariamente.
Finalmente, enquanto professora, educadora, mãe, cidadã que se quer plena, nos direitos e deveres, usar as novas tecnologias - aprender e ensinar a usar - é cada vez mais um imperativo humano. Sem preconceitos defensivos de quem sente as suas referências diluídas perante esta torrente inexorável de progresso. Sem fascínios acríticos perante as novas ferramentas e as formas como expõem os mais variados conteúdos. Sem tomar as formas/ferramentas pelos conteúdos (que continuam a ser o "sumo"). Sem medo de aprofundar esta fabulosa interacção Homem/Máquina, de modo a que o Homem cresça na sua humanidade. Para que os seres humanos não se desconectem de algo que faz parte da sua essência: a curiosidade e o desejo de crescer e aprender. E partilhar.