sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O COMENTÁRIO FINAL


Inscrever-me nesta disciplina, reflectir sobre as várias temáticas e participar nas diversas actividades tornou-me sem dúvida mais consciente da vastidão deste "brave new world", das suas potencialidades, dos seus riscos e das MINHAS limitações no que respeita ao seu uso. Constato a minha condição de imigrante digital, fascinada pelas componentes técnicas (a imensidão de ferramentas que podemos usar é uma maravilha: filmes, imagens, sons, músicas que podemos usar das mais diversas maneiras, textos que ficam quietos no écran ou que saltam, brilham, fogem e brincam connosco... a sedução da possibilidade de manipulação de todas estas componentes é vastíssima!) e pela facilidade com que posso aceder a tanta tanta tanta informação.

Por outro lado, verifico a minha incapacidade em usar de forma intuitiva e natural estes recursos, sentindo necessidade de aprender a fazê-lo, de perceber como se faz, num processo, por vezes moroso e irritante, de bricolage digital.

Verifico ainda a minha ingenuidade no que respeita, por exemplo, à recolha de informação: sei, ao contrário de muitos dos nossos alunos, imaturos na construção dos seus saberes e necessitados do nosso apoio a esse nível, o que quero e sei seleccionar o que vale e não vale a pena reter. Mas esqueço-me, ao contrário do que sucederia com os meios de pesquisa tradicionais, de verificar a origem das fontes que consulto! Explico melhor: as imagens que utilizei foram seleccionadas do portal Google, tal como os filmes foram extraídos do YouTube. Até aqui, "tout va bien"... Mas de onde vieram esses documentos? Quem os colocou na Net? E de onde os retirou? Não só não verifiquei estes dados como desconfio que muitos dos sites ou blogs de onde os retirei também não o sabem. A democratização do acesso à informação é tão grande que coloca em perigo questões como direitos autorais, por exemplo. Podendo pôr em risco o rigor científico de muitas pesquisas realizadas.

Apercebo-me de que urge a criação, ou explicitação, de um código de ética no uso da Internet. As questões da segurança são já analisadas, debatidas e, frequentemente, alvo de acesas controvérsias, entre os defensores da total liberdade de acesso e uso e os que advogam algum tipo de controlo, eventualmente até de censura. Falta saber usar científicamente a Internet. Falta(-me) interiorizar procedimentos "legais" que não levem a usurpar informação, ainda que involuntariamente.

Finalmente, enquanto professora, educadora, mãe, cidadã que se quer plena, nos direitos e deveres, usar as novas tecnologias - aprender e ensinar a usar - é cada vez mais um imperativo humano. Sem preconceitos defensivos de quem sente as suas referências diluídas perante esta torrente inexorável de progresso. Sem fascínios acríticos perante as novas ferramentas e as formas como expõem os mais variados conteúdos. Sem tomar as formas/ferramentas pelos conteúdos (que continuam a ser o "sumo"). Sem medo de aprofundar esta fabulosa interacção Homem/Máquina, de modo a que o Homem cresça na sua humanidade. Para que os seres humanos não se desconectem de algo que faz parte da sua essência: a curiosidade e o desejo de crescer e aprender. E partilhar.

2 comentários:

Pardal disse...

A questão da fiabilidade da informação coloca-se tão mais urgentemente quanto mais cresce o universo informativo na web. Não é à toa que a wikipedia, por exemplo, alterou os procedimentos habituais e, para obstar à proliferação de informação errónea, incompleta, não isenta... passou (ou está em processo de fazer passar), recentemente,a publicação dos artigos por um crivo prévio mais apertado de uma equipa a tal especialmente dedicada! As autorias, pois essa é outra questão! Penso que o mundo editorial (seja documento escrito, registo sonoro...) terá de se adaptar a este "brave new world", como dizes, e adoptar novas políticas e procedimentos! Temos uma Rita Redshoes, por exemplo, que passa a ser nacionalmente conhecida sem ter passado pelas mãos das editoras discográficas, músicos como Adriana Calcanhoto que vendem os seus CD protegidos contra cópias... quem ganha esta batalha de audiências? De difusão do respectivo trabalho? Não sei, mas remar contra a maré parece-me, neste caso, pouco inteligente... é melhor aliarmo-nos a eles e não tanto lutar contra eles, não perdendo de vista, como é óbvio, a dimensão ética da questão!

Carla Ferreira disse...

Olá Teresa e Isabel,

Neste planeta, que vive actualmente uma era de informação, torna-se cada vez mais difícil saber respeitar a legislação relativa a direitos de autor. Já exitem artistas musicais que expressam nos seus CD`s uma autorização para realização de cópias legais, li recentemente essa informação num CD de Manu Chao. Os e-books também nos apresentam preços mais atractivos (falta-nos o contacto manual com a obra e o prazer de ler em qualquer lugar, paciência...).
Exitem outros artistas que preferem não vender as suas obras, pois não saberiam atribuir-lhes preços, e além disso alguns até consideram que uma obra de arte como um livro, uma pintura ou uma música não pertença ao próprio autor, pois essa obra é fruto de relações sociais e ao mesmo tempo uma forma de tentar atingir o tal êxtase que todos os artistas procuram: descobrirem-se a si próprios, expondo-se a outras interpretações...sem cobrar nada em troca.
A Isabel tem razão quando afirma que o mundo editorial terá que se adaptar a este "brave new world". Mas também os autores devem adaptar-se, muitos deles têm outras profissões que lhes permitem viver. Em vez de comprarmos diferentes formas de expressão, literatura, música, pintura... poderíamos talvez "subscrever" as que se identificassem com cada um de nós, pelo preço que considerassemos justo e que pudessemos pagar. Assim poderíamos ter uma cópia legal de "Miró" ou "Dali" na nossa parede...

Dissertações... causadas por insónias.
Um abraço