domingo, 1 de fevereiro de 2009

COMENTÁRIO FINAL SOBRE A TEMÁTICA "NATIVOS DIGITAIS versus IMIGRANTES DIGITAIS"


Achei extremamente interessantes estes dois conceitos, o de imigrante e o de nativo digital e, sobretudo, poder situar-me e situar os meus alunos e colegas entre um e outro. Não posso deixar de considerar que, no que respeita à definição e caracterização do nativo digital, os alunos que conheço não correspondem plenamente a ela: é um facto que a atracção que exercem as novas tecnologias, em particular os telemóveis e a fascinante Internet, os leva a procurar aceder-lhes c0nstantemente; é certo que o à-vontade revelado, nomeadamente no uso dos telemóveis, é notório e, por vezes, espantoso (ver um miúdo a escrever uma SMS sem sequer olhar para o teclado é assombroso!); é seguro que o uso destas tecnologias está directamente relacionado com a busca do prazer e do lazer, rápidos e eficazes. O que verifico também é que o jovens nativos digitais (ou pré-nativos) que vejo diariamente se revelam incapazes de fazer um uso destas tecnologias que lhes seja proveitoso, quer para os estudos, quer para a aprendizagem em geral. Aceito que o argumento de que o ensino, tal como está estruturado, é desadequado a um aproveitamento pleno das novas tecnologias; aceito também que se afirme que quem é detentor do conhecimento a transmitir aos alunos/nativos digitais não é nativo digital e, como tal, tem inevitáveis dificuldades em recorrer e utilizar adequadamente tais recursos. Mas também verifico que, infelizmente, não é apenas com as novas tecnologias que os alunos vão aprender a aprender, vão superar as dificuldades que revelam. Gosto muito de utilizar as novas tecnologias nas minhas aulas, uso-as o mais que posso e aprecio o interesse que elas suscitam nos meus alunos, procurando rentabilizá-lo o melhor possível, em seu e meu proveito. Mas sem conteúdos, as novas tecnologias ficam vazias de sentido. Sem o savoir-faire que consiste em saber procurar as informações de que se precisa, saber "separar o trigo do joio", particularmente numa Internet fértil em "joio", saber recolher o que vale a pena e usá-lo correctamente para proveito pessoal, sem estas e outras competências e capacidades, as novas tecnologias são apenas mais um obstáculo ao sucesso escolar e profissional.


O que importa, para nativos digitais, é aprender a pesquisar, a perguntar o que se precisa, a seleccionar as informações úteis, a organizá-las, a incorporá-las num produto pessoal, que espelhe o que se aprendeu de forma inequívoca e honesta. E isto é o que sempre importou, com ou sem Internet, com ou sem as novas tecnologias. As dificuldades e lacunas sentidas por quem ensina e aprende não se resolveram com estas, nem constituem sequer uma novidade (são bastante anteriores à Internet).


O que importa, para imigrante digitais, é aprender, sem preconceitos, sem medos, sem sobrancerias, a usar as novas tecnologias e a capitalizar as suas potencialidades e facilidades para que os alunos possam superar as lacunas que sempre evidenciaram.


Esta é, sem dúvida, uma era em que é possível superar dificuldades, conjugar esforços e intenções e alcançar melhores resultados. Nunca tal foi tão possível como agora. Mas é preciso que todos (alunos/nativos digitais e professores/imigrantes digitais) contribuam com aquilo que têm de já adquirido, com o seu know-how, e o ponham ao serviço de todos. É preciso que todos aprendam com todos. E todos ganharemos.

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